quinta-feira, 19 de julho de 2012

Não há mais chance de paz na Síria. Agora é o caos

A Rússia e a China vetaram uma resolução sobre a crise síria apresentada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus no Conselho de Segurança da ONU nesta manhã. Esta foi a terceira vez que Moscou e Pequim usaram o seu poder de veto no órgão decisório máximo das Nações Unidas. Foram 11 votos a favor, além de abstenções de Paquistão e África do Sul. A Índia surpreendeu e rompeu com os BRICS ao apoiar  texto. O Brasil não está no conselho.
Os representantes dos EUA, da Grã Bretanha, da França, da Alemanha e de outros países consideraram lamentável a decisão russa e chinesa de vetarem mais uma vez a iniciativa do Ocidente, em um sinal claro de que, mesmo depois de 17 meses de levantes na Síria e uma violência que deixou ao menos 13 mil mortos, a comunidade internacional continua dividida.
“Os dois primeiros vetos da Rússia e da China foram muito destrutivos. Este veto foi ainda mais perigoso e deplorável”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, depois da votação. A diplomata ainda classificou como Susan Rice chama de “paranóico” o argumento de que a resolução autorizaria uma intervenção militar. “São apenas ameaças de sanções”, finalizou.
O texto previa a prorrogação da missão observadora da ONU e a implementação de um plano de transição política proposta pelo ex-secretário geral da entidade e mediador do conflito, Kofi Annan, com a inclusão do artigo 41 do capítulo 7 da carta das Nações Unidas, que prevê a ameaça de sanções. A Rússia e a China concordam com a primeira parte, mas discordam da medida ameaçando o regime de Bashar Assad caso este não cumpra com as determinações da resolução.
Na avaliação de Moscou e Pequim, o objetivo do Ocidente não é sanções, e sim abrir espaço para o artigo 42 no futuro, que permite intervenção militar, como aconteceu na Líbia no ano passado. Além disso, os dois países também acham que a oposição deveria ser responsabilizada pela violência.
Já os EUA e a Europa afirmam que, sem a inclusão destas ameaças, o regime sírio permanecerá massacrando a população.
A Rússia propôs uma resolução para prorrogar a missão de observadores por mais 30 dias, mas não houve o apoio de nove países ao menos para ser colocada para votação. Os EUA disseram ser ineficaz esta alternativa sem a ameaça de “consequências” caso o regime não cumprisse com as determinações. Se não houver acordo até amanhã, os observadores precisam se retirar até sábado da Síria.
O fracasso da comunidade internacional ocorre em meio a um agravamento do conflito, classificado por muitos como guerra civil. Combates, antes restritos ao interior, começam a atingir áreas de Damasco. Em um divisor de águas, três dos membros mais importantes do regime de Assad, incluindo o Ministro da Defesa e o cunhado do líder sírio, foram mortos em atentado ontem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário